TUDO TEM UM PROPÓSITO MAIOR DO QUE O HORIZONTE POSSÍVEL DE AVISTAR

Sim, dormi a sesta… Sim, sonhei… Sonhei que o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão.

Luísa Rosmaninho

4/24/20244 min read

Sim, dormi a sesta…

Sim, sonhei…

Sonhei que o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão.

Meados de 2020, Sérgio, um fã dedicado, reclamava a minha presença nas redes sociais:

- Querida, pega na varinha mágica! Tens tantas mensagens para miúdos, graúdos, gente jovem ou madura. Partilha!

Eu, eremita por natureza:

- Achas?! Tenho algum jeito para essas coisas?

Fez ouvidos de mercador e enviou-me uma reportagem sobre a vida de alguém, certamente com morada no Monte Olimpo.

UAU…fiquei fascinada!

A pulga começou a fazer comichão atrás da orelha.

Falei com uma equipa de especialistas em artes digitais – a Ana e o Nuno.

Para conhecerem a envergonhada faceta da Luísa, desembrulhei meditações, histórias infantis, escritos para adultos, desenhos e projetos de ajuda humanitária.

Um mês depois o meu animal interior, completamente agastado, desejava decapitar a própria cabeça!

A espumar:

- Não, não, não! Não quero fazer isto.

Quando esta fúria crepita, o ideal é cumprir a ordem.

Então, com alguma timidez:

- Desculpem, mas não estou preparada!

A conversa foi difícil. Doeu desapontar seres incríveis, embaixadores da garra criativa, simpatia, disponibilidade, profissionalismo.

Felizmente, com o lacre da sinceridade, ficou selada uma bela amizade.

Em nome dos Três Mosqueteiros, hasteámos o nosso hino – em cada momento vamos ser, simplesmente, o que em nós quer ser!

Mergulhada no descanso das férias, recebi uma mensagem da Ana.

Fiquei confusa! Primeiro impacto:

- O que é isto? Ahhhhhh?!

Era a divulgação do concurso “conto infantil”.

- Não custa tentar!

Avancei!

Sem criar cenários triunfantes (lições do passado!), dei um jeito aqui, um toque acolá…a história ficou pronta!

Nunca tinha pensado em publicar um livro para os mais pequenos.

Dediquei a aventura ao meu pai. Uma singela homenagem a quem me ensinou a viver em verdade, com verdade e pela verdade.

O nome da personagem principal?

Edgar, claro!

Foi anunciado o vencedor. Fiquei triste! Mesmo fazendo dieta das expectativas, há sempre uma dúvida na esperança!

Meses depois…

Yehhhhhhhhhhhhhh!

Chegou um mail.

Assunto: “Proposta de edição O PRÍNCIPE DAS MÃOS PEQUENAS”.

Fiquei tontinha!

Talvez 15 minutos de boca aberta até aos calcanhares!

Parei, salivei…tão gostoso!

Hummmm…aquele momento foi muito mais doce do que qualquer caramelo espanhol!

Sorri, abracei-me, abracei o céu, o Sol, o Universo, abracei Deus!

Não gritei, mas apetecia-me! Não disse nada a ninguém, mas queria tanto aliviar a garganta. Queria discursar aquela novidade que dava fulgor ao meu sangue!

Saltei, saltei, dancei…

Estava no pódio da glória. Tanta alegria!

Eu era fogo de artifício!

Eu era a cegonha que anunciava uma surpresa sorrateira, explosiva e loucamente venturosa.

UAU!

Em breves segundos desfolhei este pedaço de vida, desde o dia em que o Sérgio “seduziu” o meu isolamento…

Que sincronização!

Nexos interligados da forma mais inteligente e impossível de adivinhar!

Incrível!

Pese embora o meu ADN não tenha sofrido qualquer alteração, sim, entretanto, abracei a causa virtual para dar a conhecer o meu trabalho, o meu livro.

Não sei se vai ser sempre assim… Será que vou habituar-me?

O importante é que tudo acontece como precisa acontecer. Tudo acontece no momento, minuciosamente, determinado. Nem mais, nem menos um minuto

Volto a dizer, incrível!

…o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão…

Já tentaram abrir janelas cerradas com tábuas e pregos impossíveis de resgatar?

Eu já!

Quando terminei o curso de Yoga sentia que estava disponível para dar aulas. Faltava o “onde”! Onde?

Onde é que está esse sítio iluminado? Inexistia! Tudo impossível de arrendar!

Esperei muito…atenta…sem preguiça!…os braços nunca ficaram cruzados.

Fui ganhando experiência com amigos e família.

Desenvolvi valências, estudei, ganhei confiança!

Voou tempo!

Até que… ABRACADABRA!

Constelado por uma melodiosa paz…o Áshrama nasceu!

Olhei lá para trás.

Ainda bem! Só agora! Reconheço que, só agora, tenho voz para dar a conhecer a filosofia que me ensinou a dizer:

- o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão!

Têm mais um minuto? Sim?

Lá longe, quase “na outra vida”, queria porque queria seguir notariado.

Implorava:

- Estrela cadente, concede-me esta graça!

Teimosa, tentei três vezes. Três vezes bati à porta, três vezes levei chumbo na pauta!

É verdade que sou forte e determinada. É verdade que não sei conjugar o verbo desistir.

Também é verdade que andava distraída!

ENTRADA PROIBIDA!

Só depois, muito depois é que dei conta…

Sabem que mais?

Faço uma vénia à porta que permaneceu fechada! Obrigada!

Hoje, sei que não honraria tal carreira.

…o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão…

O tempo revela tanta coisa…dissolve dúvidas!

Permite-me alinhar vontades ou escolhas.

O tempo é o oleiro…eu sou o barro!

O tempo…as janelas…as portas…abriram-se as que eram para mim, na hora badalada pelo relógio da sina abençoada.

Aos poucos vou encontrando mais uma peça do puzzle.

Aos poucos a confiança fortalece as articulações do pensamento!

Aos poucos conquisto quietude!

…o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão…

A propósito, já conhecem o Picasso?

Uma prima, voluntária do canil municipal, tocou à campainha do nosso coração:

- Podem ficar com ele, por favor?

Quem resistiria? Um olhar capaz de resgatar generosidade ao egoísta mais egocêntrico desta terra!

Sem qualquer hesitação, o famoso cão de três patas foi, prontamente, adotado pela família Rosmaninho.

Destemido, aceitou explorar a minha floresta.

Contudo, a sua condição impunha paragens estratégicas para beber água e restabelecer forças.

Eu, que passava sempre a correr ou a voar em cima da bicicleta, aprendi a ir mais devagar. Finalmente!

Finalmente…olhei, vi, senti, ouvi…

Árvores, borboletas, medronhos, pássaros, aromas…o horizonte, o ar puro…o vento a dançar com folhas, ervas, flores…as rãs à desgarrada com as cigarras!

UAU! Obrigada! Obrigada, companheiro!

Nada é por acaso…

…o caminho faz sempre sentido e essa certeza liberta-me da escuridão…

Só com o Picasso conheci, verdadeiramente, a minha floresta.

Tão maravilhosa!

Até despertei o meu lado poético…

Curiosos?

Podem esperar um pouquinho?

Faltam só uns pozinhos de perlimpimpim…pimpim!