Fiquei pela cidade sem luzes.
Quis explorar um pouco mais.
Achei interessante…por lá todos diziam palavrões e asneiras…
…eh eh ehe eh ehe!
Tu dizes palavras feias?
Não?
Porquê?
Mesmo quando não tens pessoas à tua volta?
Quando julgas que ninguém ouve?
Não?
Eu digo!
Há uns anos a minha voz não batizava tais vocábulos!
Parecia mal!
Porquê?
Pecado?
Já agora… Pecar!
Deixando o Código Penal no armário, o que é o pecado?
É o que não se deve fazer?
Porquê?
O inferno existe?
O que é o céu?
Será que certas coisas são pecado só porque sim?
Numa rua escura lá do burgo, vi uma serpente…
Piscou o olho…eu fui…
Contou-me o passado e eu vi o presente.
Duas almas viviam algemadas ao desditoso laço familiar.
Eram primos.
Corações rasgados pela fúria da culpa amputada.
Atração pegajosa decretou separação existencial.
Todas as noites a dor uivava.
A Lua cheia anunciava e clareava uma paixão sangrenta.
Ele estava sempre lá.
Ela por lá sempre ficava.
O momento decidiu. O preconceito foi estrangulado.
Pele na pele…
Possuir,
provocar,
arder,
escorrer,
sugar,
puxar,
empurrar.
O Mundo deixou de existir.
O tempo passou no olhar mais amoroso que alguém pode cheirar.
A força dançou de braços dados com a suavidade hipnotizada.
Risos, muitos!
Gritos, gritos, gritos.
Entranhas a purgarem sexo!
O incêndio era imenso.
Água, por favor!
Pele na pele…
Corpo com corpo.
Lábios carnívoros.
Suor com fluídos.
Saliva a escorrer.
Línguas no âmago.
Cidade sem luzes!
O que é praticar a criação?
O que é o pecado?
O cofre deve morrer cerrado?
O que está lá dentro?
A liberdade?
Cegueira mirrada sem claridade!
– Maçã!
Maçã!
Vermelha, bem vermelha, encarnada…
Gosto de ti!
Maçã pecadora.
Maça devoradora.
Porquê salvar a pureza?
Algemar a maldição?
Porquê?
Tudo faz parte da nossa condição.
Criação…
Não é pecadora!
É maçã, que na boca saliva.
Vem com estaladiço ardor.
Quero trincar.
Não, vou morder!
Em nome da minha salvação.
Loucura na minha boca!
A minha boca dá-me prazer!
A minha boca misteriosa.
Vou gritar:
– A minha boca dá-me prazer.
Ai… o doce a desaguar no atordoado e quente.
O crocante a estoirar o músculo da esperança.
…a dar ritmo à dança esfomeada…voraz!
Esperem…
Boca com mãos.
Aliança animalesca.
Sou eu.
Sou eu em corpo.
O meu corpo é prazer.
Chama,
chama,
chama,
A chama que há em mim.
As mãos…
Ai…pegar e levar à boca…
Ai…
O meu corpo a saborear…
O prazer de ter prazer, de ser prazer, de dar prazer.
Tudo em mim.
Prazer.
Amargo.
Doce.
Crocante.
Picante.
Aromático.
Escorregadio.
Pastoso.
Rijo.
Viscoso.
Vibrante.
Magnético.
Prazer.
Tudo em mim!
Bússola?! Qual o meu norte?
Intenso, muito intenso e … ao mesmo tempo, leve, muito leve…
Parabéns, Parabéns Parabéns!!🤩💖
Dr.ª Graça…obrigada pela companhia!
Beijinhos
Dá para refletir, saborear, tirar conclusões. Parabéns
Muito obrigada pelo apoio.
Abraço forte e com SAUDADES!