A diversidade é o trampolim para o brilhar da uniqueness de cada indivíduo.

“SÊ A MUDANÇA QUE QUERES VER NO MUNDO” MAHATMA GANDHI

Luísa Rosmaninho

1/21/20245 min read

Pois é, começou a saga da aceitação!

Reconhecer, respeitar e defender as minhas emoções.

Permitir-me ser com as minhas preferências, virtudes, jeitos e até manias!

Custa aprender, mas depois nunca mais se esquece! É como andar de bicicleta!

Como estava habituada a camuflar tudo o que ia cá dentro, foi complicado começar a verbalizar e defender o que ditava o músculo da esperança!

Puxa, puxa, puxa!

Engasgava-me! Tinha soluços!

Até que, respirei fundo e arranquei para as provas de aptidão.

Não estar em determinados sítios, porque não gostava.

Não participar em algumas conversas, porque não tinham interesse para mim!

Estar sozinha no Ano Novo, porque, sem prejudicar o Mundo, era o que me apetecia…

Defender os meus direitos de utente, trabalhadora, mulher e ser humano.

Contudo, às vezes, sentia que estava a viver um torneio de esgrima…vestida a rigor e tudo! Porquê? Apontavam-me o dedo, assobiando boatos de perturbação na minha cabeça.

Pudera! Eu estava tão diferente!

Normal, certo? É como esbarrar com obras na estrada e o consequente caos da circulação rodoviária. Caramba! Alguém gosta?

As pessoas só conheciam o meu silêncio cobarde. Eu não dizia o que pensava e sentia. Seguia as vontades dos outros sem empunhar a espada e enfrentar o conflito, caso fosse necessário.

De repente…mudei o cenário. Claro que provoquei espanto.

Afastavam-se de mim!

Sofri. A minha pele arrepiava-se com rejeição.

Acham que é fácil? Fazer de conta e depois deixar de fazer?

Eu chorava quando permanecia persistente e firme na defesa da minha causa. Chorava quando resistia à tentadora persuasão alheia, cujos tentáculos serpenteavam em torno do meu corpo!

Mudar não é algo que se consiga de um dia para o outro. É como começar a fazer dieta ou deixar de fumar. Os primeiros tempos são pavorosos. (mesmo lá no futuro!...vem a ideia de voltar atrás…de desistir, até pode surgir um trambolhão…)

A carne é fraca!

Coragemmmmmm, fica comigo!

Aos poucos fui coando e bebendo o chá da purga! Hummm, sentia leveza, e, por outro lado, mais força!

Conscientemente, comecei a selecionar o que era e o que não era para a minha vida.

Ai ai, também dá vontade de fugir! É que todas as “arrumações” geram consequências.

Reconheci que sou eu que escolho o que é melhor para mim.

Sou eu, eu, eu!...sem sacudir a culpa para os outros!

Perguntava ao meu coração:

Defendo o meu bem-estar ou é mais importante a satisfação dos outros?

O que pesa mais na balança?

Pesou mais o amor pela minha saúde mental.

A par da aceitação surgiu a redução da dúvida. Perfeitamente maravilhoso!

Quanto mais aceitava o que brotava de mim e o que em mim existia, menos nevoeiro apanhava no caminho que tinha pela frente. Bem bom!

Sabem que até poupava dinheiro? A sério.

Comecei a comprar menos roupa.

Encontrei o meu próprio estilo. Já não corria atrás da aprovação, nem da moda saltitante.

Ahhhhhh, que sossego!

Doei tudo o que deixou de fazer sentido.

Aceitei a “minha onda”! Até passou a ser mais fácil saber o que vestir em cada dia. Tudo encaixava. Tudo tinha uma ligação que permitia ter menos e parecer muito mais! Espetacular!

Mas, de vez em quando, a asneira regressa…

Um dia decidi comprar umas calças verdes. Quando cheguei à loja…perdi-me…era tanta coisa que não vi calças nenhumas. Em contrapartida, encontrei uma camisola lilás…UAU…encheu-me as medidas. Levei-a comigo.

Nunca a usei e continuei a sentir falta das calças verdes!

Tirem as vossas conclusões, por favor!

O que eu ainda tenho para aprender!

As cascas de banana andam por aí espalhadas no chão…

Entretanto, a arte da esgrima ficou cada vez mais apurada! Eu treinava muito…fiquei mais forte e ágil.

Com o passar do tempo, sabem quem também chegou? A expansão. Comecei a comunicar e a conviver de forma mais franca e intensa.

Apresentava-me com confiança, sem receio de julgamentos ou apunhaladas nas costas.

Parece que ganhava território e até pisava o pódio com o troféu da vitória.

Mesmo que não concordassem comigo, tudo bem. Pelo menos ficavam a saber quem eu era, do que gostava, o que motivava o meu peregrinar…uma série de coisas boas.

Mas era mesmo tudo bem? Acham?

Não!

Parece que tinha engolido um carapau de corrida!

Sim, senhora.

Passei dos 8 para os 80.

Na verdade, ficava danada quando não concordavam comigo ou não aceitavam as minhas opções.

E quando não aproveitavam as minhas opiniões?

Quando não gostavam das minhas ideias?

Quando não seguiam os meus conselhos?

Deitava fumo pelas narinas e orelhas! Ficava com o ego esquartejado!

Pois é! Afinal, tentei curar uma ferida com pensos rápidos sem qualquer poder de cicatrização!

A força começou a esvair-se!

Uma nova greta aberta pelo excesso de confiança e amor próprio egoísta.

Na primeira consulta de human design, logo me disseram - tens convicções fortes, mas são as tuas convicções, não são as dos outros.

Podes aceitar isso?

Ahhhh?...e agora?

Afinal o que é a aceitação?

Pois…

Precisei voltar a ser eremita!

Passar muito tempo a sós comigo e comigo! Ouvir o silêncio para aquietar, ordenar e alinhar o palpitar do meu Ser. Fundir-me com a Natureza. Olhar e contemplar uma nuvem, uma flor ou uma borboleta. Ouvir a água do riacho, para lavar o pensamento, o coração, os olhos, as mãos e os pés. Ainda hoje o faço!

Sabem, em segredo vos digo, era mesmo necessário aumentar as práticas de yoga. E assim foi…todos os dias, como um tónico energético a ingerir logo pela manhã!

Entre o meu isolamento e a vida social, do cimo da árvore reparei em muitas coisas novas.

Afinal os ambientes de tensão são laboratórios, repletos de experiências de alquimia. Eu precisei (e preciso) deles, sabem para quê?

Para perceber que somos todos diferentes, mas todos importantes. Que somos todos professores uns dos outros. Todos temos dons diferentes para nos apoiarmos uns nos outros.

E aceitar isto?

Que trabalheira! Arregacei as mangas e fui para o tanque lavar roupa muito suja!

Percebi que, se quero que me respeitem, também preciso respeitar os outros.

Devo permitir que sejam e vivam sem os condicionar.

Ahhhh, vejam só…inverteram-se as parcelas do processo!

Primeiro sofria porque não era quem gostava de ser.

Sofria porque vivia condicionada pelas vontades alheias.

Depois, queria impor aos outros a minha magia como se fosse a única existente ao cimo da terra.

Vi, claramente, que afinal, a aceitação não é só gostar do meu umbigo. Também é admirar a natureza e formato do umbigo dos outros.

Custou, mas percebi que nem todos têm um metabolismo parecido com o meu.

Acordo muito devagar, mas tenho inúmeras atividades e ocupações. Os outros não? E? Qual é o problema?

Há quem não goste de passear na floresta, andar de bicicleta ou praticar yoga.

Não posso impor, não posso condicionar.

Já tinha dado conta de que só vivendo o que faz brilhar a minha alegria, é que consigo anunciar os dons e conhecimentos que batizam o meu ser.

Mas, entretanto, chegou uma nova lição - só quem quiser é que fica junto de mim!

Mas posso aprender com quem escolhe outro rumo.

Crescer quando alguém me entrega um “não”.

Aproveitar diferentes formas de pensar e estar no palco da Criação.

Admirar a diversidade que perfuma a minha existência.

Tudo é riqueza. Tudo pode ser elevação…só depende de mim!

É assim que vou encontrar uma base segura, que pode também ser um sustento para os outros!

Será?

O tempo voa…daqui a nada estou de volta!